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domingo, 1 de dezembro de 2013

02-12-2013



Lá estava eu, perdido naquelas quatro paredes cheias de bafio, já não sei a pensar em quê. Lembro-me apenas de me aperceber que não havia ninguém para contestar as minhas teorias sobre a matéria de electrónica.  Acho que foi a vontade de sentir de novo aquele companheirismo do professor, que é antagónico, eu sei, por ser aquele professor, aquela pessoa, um antagonismo aprovado por a distância de idades e de conhecimento. Mas ele tratou-me assim numa dessas aulas de tarde calor. Juro! E o impulso que me fez perguntar    
-Onde é que ele anda?
a meio da aula, julgo ter vindo desse episódio perdido no nosso convívio, sempre afastado mas diário ao mesmo tempo.
 E ele lá surgiu, entrando com prontidão no laboratório, introduzindo com aquela voz  nasalada e mastigada, que deve causar irritabilidade a muitos ( porque a mim não causa, mas pelo tom desafinado e agudo suponho) a sua presença.
-Então? Já conseguiram fazer o exercício? -disse ele. E eu apanhei-lhe aquela sua tentativa de fugir de si mesmo, de baixar as suas defesas, e tentar alcançar os alunos com desafio e possibilidade de aprovação que têm como consequência: influência em futuras notas académicas.
-Oh professor eu tenho umas teorias, mas não sei se…-exclamei com uma careta, estimulado pelo seu chamamento intelectual e humano de sintonia.
-Ok! Quer vir ao quadro?...Venha ao quadro -e lá foi, sentindo todos os olhos centrados em mim. Foi um momento diferente de todos aqueles que fui sentindo nesta nova etapa da minha vida. Senti-me algo nervoso mas confiante na minha capacidade intelectual que já tinha feito o aquecimento, que já estava pronta, a atacar por todos os lados o problema e extrair a solução. Mas eu nunca fui um ser deste gênero: um ágil intelectual; sempre fui ágil, mas fisicamente, assim como a minha vontade. Dinâmico, flexível sim, com uma filosofia de pôr criatividade em todas as coisas. Antecipei que poderia sentir- me confiante a ir ao quadro mas não desta maneira; achei que poderia estar confiante em mim mesmo e que por arrasto a autoconfiança em lógica matemática seria melhor. Mas não, a autoconfiança na ciência do cálculo foi a chave, foi a chave!        

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