Odeio os cínicos. Muitos foram ou são meus amigos, e assim,
é por amor que os odeio. Presenciei os seus hábitos, o ciclo vicioso que
perpetuam, de criticarem a sociedade, a democracia, o mundo, e todo o que é
importante de uma forma tão leviana como se o “café da manhã” se tratasse,
apenas para serem eles os autores da denuncia; ou então, para que, ao exprimirem
os argumentos que levam à sua descrença, estes sejam validados pelos outros, e
de alguma forma o delator seja compreendido e considerado. Atenção, também eu
estimo alguém que abertamente expõe problemas que a todos afetam, demonstrando
inteligência e perspicácia, no entanto repugna-me imensamente quando o fazem de
uma forma tão vulgar SEM NUNCA, em tempo algum, tomarem uma pequena ação que
seja para resolverem o problema.
Ouço o que eles me dizem com ecos de dor, e no conjunto das
suas conjeturas pessimistas pressinto insignificância e frustração por acharem
que não conseguem mudar nada. Será que se conhecem? Será que conhecem realmente
o mundo? Ou sou eu que estou enganado, e a única coisa que podemos realmente
fazer é espalhar a critica, vangloriarmo-nos da nossa descrença, e arranjar
desculpas?
E assim, acabar por me tornar
alguém que: critica, mas não vota; critica, mas não é camarada e não faz parte ou apoia qualquer reforma ou revolução;
critica, mas não luta pelo mundo melhor, nem que seja pela geração seguinte.
Eu sou um lutador, no combate me valorizo e glorifico, e sem
conhecer outra maneira de agir e de me amar, com todas as forças, me recuso a
cair perante esta mão invisível, poderosa e omnipotente, de que me falam, que
nos torna descrentes e nos desmotiva na luta contra os problemas do sistema e
da sociedade. E na minha decisão, abraço todas as consequências que poderão
advir.
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