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sábado, 28 de setembro de 2013

Eco do lirismo de Virgílio Ferreira



Sonho contigo, claro que sonho. Lembro-me de ti, quando estou perdido em tormentos nocturnos, perdido nos meus lençóis, esquecido no meio do breu das lembranças do que aconteceu e que foi como que castigo de se viver, de ser eu mesmo. Dói-me quando penso no que fui em instantes de falhas -num olhar por cima do ombro -  no que continuo a ser desde aí, até agora, em vestígios de trevas, em partes negras de mim. Lembro-me de ti, como que numa resposta a mágoas das vicissitudes da vida, do que é ciclo e repetição; do que é natural e ordinário e vulgar. Mas recordo-me de ti, no final de contas, com carinho e dever de protecção: “Como estás,___?”, “Tenho saudades tuas.” A textura da tua pele quente, os teus cabelos insubordinados na tua face pálida, a tua voz de calma e plenitude. Recordo, multiplico fatos, na lonjura do que se passou connosco dentro da justiça orgulhosa daquilo que é meu e não dou a partilhar.
“Tenho saudades tuas…”
Por vezes imagino-te, onde tu estás deitada, no limiar entre o sono e o acordado e eu te afago a face carinhosamente. Nada dizes como que pretensiosa, julgando que como eu te pertenço também te pertence o meu carinho.         

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