Sonho contigo, claro que sonho. Lembro-me de ti, quando
estou perdido em tormentos nocturnos, perdido nos meus lençóis, esquecido no
meio do breu das lembranças do que aconteceu e que foi como que castigo de se
viver, de ser eu mesmo. Dói-me quando penso no que fui em instantes de falhas
-num olhar por cima do ombro - no que
continuo a ser desde aí, até agora, em vestígios de trevas, em partes negras de
mim. Lembro-me de ti, como que numa resposta a mágoas das vicissitudes da vida,
do que é ciclo e repetição; do que é natural e ordinário e vulgar. Mas
recordo-me de ti, no final de contas, com carinho e dever de protecção:
“Como estás,___?”, “Tenho saudades tuas.” A textura da tua pele quente, os teus
cabelos insubordinados na tua face pálida, a tua voz de calma e plenitude. Recordo,
multiplico fatos, na lonjura do que se passou connosco dentro da justiça
orgulhosa daquilo que é meu e não dou a partilhar.
“Tenho saudades tuas…”
Por vezes imagino-te, onde tu estás deitada, no limiar entre
o sono e o acordado e eu te afago a face carinhosamente. Nada dizes como que
pretensiosa, julgando que como eu te pertenço também te pertence o
meu carinho.
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