Para mim, que já foi apoderado pela força distinta da revolta e do ódio
em alguns momentos da minha vida, (embora acredite solenemente que sempre foi
um revoltado), sei que é difícil entender as acções terríveis e baixas que se
fazem pela droga da dor.
Faz-se coisas sem pensar,
e a sua razão inconsciente parece vaga e inconclusiva.
A própria pessoa, portanto, nem percebe muitas vezes porque faz o que
faz.
Fazem-se coisas pensadas
maquiavelicamente. E tudo no pensamento, dominado pela serenidade do ódio,
parece claro. E as atitudes que se pensam egoístas, em que se tenta mostrar algo
a nós próprios, como, para podermos dizer-nos: "Eu fiz isto. O que quer
dizer que sou uma criatura baixa e vil"; não passam, por vezes, de delírios,
e clamores que tentam é chegar à opinião dos mais chegados com uma impetuosidade
de mudar opiniões, de chocar...Existe um certo prazer (admito) em ver as caras
torcidas de espanto, os olhares de perplexidade e as palavras de imperceptibilidade.
Por vezes, é só tortura
que fazemos a nós próprios. E, admito, que se sente um certo deleite na dor,
nestes momentos. Como que na consciência do opróbrio, e do que em nós é sinistro e mau, exista um desejo terrível e
antinatural de sofrer. Como uma vingança contra a alguém; ou contra nós
próprios. E a dor como que a mais bela das drogas: desgasta, esmorece as partes
sentidas, os músculos e a mente, até à insensibilidade e tudo fica calmo e
tranquilo.
Existe, inevitavelmente,
e para os intelectuais, e apesar de se culpar o mundo e os outros; uma culpa
própria de arrancar o coração, por vezes nem se sabe que ela lá está mas essa dor nunca vai embora...nunca.....mas nunca...
Sem comentários:
Enviar um comentário