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domingo, 4 de agosto de 2013

Inacabado 05.08.2013




Para mim, que já foi apoderado pela força distinta da revolta e do ódio em alguns momentos da minha vida, (embora acredite solenemente que sempre foi um revoltado), sei que é difícil entender as acções terríveis e baixas que se fazem pela droga da dor.
            Faz-se coisas sem pensar, e a sua razão inconsciente parece vaga e inconclusiva.
A própria pessoa, portanto, nem percebe muitas vezes porque faz o que faz.
            Fazem-se coisas pensadas maquiavelicamente. E tudo no pensamento, dominado pela serenidade do ódio, parece claro. E as atitudes que se pensam egoístas, em que se tenta mostrar algo a nós próprios, como, para podermos dizer-nos: "Eu fiz isto. O que quer dizer que sou uma criatura baixa e vil"; não passam, por vezes, de delírios, e clamores que tentam é chegar à opinião dos mais chegados com uma impetuosidade de mudar opiniões, de chocar...Existe um certo prazer (admito) em ver as caras torcidas de espanto, os olhares de perplexidade e as palavras de imperceptibilidade.
            Por vezes, é só tortura que fazemos a nós próprios. E, admito, que se sente um certo deleite na dor, nestes momentos. Como que na consciência do opróbrio, e do que em nós é sinistro e mau, exista um desejo terrível e antinatural de sofrer. Como uma vingança contra a alguém; ou contra nós próprios. E a dor como que a mais bela das drogas: desgasta, esmorece as partes sentidas, os músculos e a mente, até à insensibilidade e tudo fica calmo e tranquilo.
            Existe, inevitavelmente, e para os intelectuais, e apesar de se culpar o mundo e os outros; uma culpa própria de arrancar o coração, por vezes nem se sabe que ela lá está mas essa dor nunca vai embora...nunca.....mas nunca...    

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