"-Tenho medo, sabes.
Medo de que tudo volte acontecer como já aconteceu. Medo desta alegria
extenuante e enorme que me surge às vezes e me transcende. Por vezes imagino-a
ali ao meu lado quando vou dormir, sozinhos no breu, sinto o calor da sua mão no entrelaçar dos dedos, e na minha utopia apenas existe eu e ela naquela divisão. Nada mais existe. Tudo para além daquele quarto é nada. E estamos juntos eternamente, em tão distinta e curiosa dimensão, em que tudo é tão
certo e destinado. E ao som de uma musica nossa e de mais ninguém, nos movemos e interagimos......e tudo apenas é......tudo apenas será.
-Não te esqueces então de ser
quem és e tudo correrá naturalmente. Como têm corrido. - e ao pronunciar
aquelas palavras tudo se tornou claro na minha cabeça. Mas não foi por nenhuma
lógica forte subsistente nos argumentos, foi tudo por a força incutida em
palavras tão simples. A força de cada uma dessas palavras e a força conjunta
que todas elas formavam compostas naquela ordem celestial e ditas daquela forma
aconchegante!
-Obrigado.
-De nada."
Sem comentários:
Enviar um comentário