Os outros nada! Os outros nada! Não dizem nada, não valem
nada…Cada um de nós é um,
e na ténue comunicação pela linguagem muito se perde e todo é interpretado pela
individualidade consciente de cada um. Já vivi na profundidade do abismo mais
fundo e mais escuro e no agora, tal como na altura, jamais poderei explicar
alguém o que senti na tenebrosidade daquele momento, e jamais alguém poderá
realmente entender. E mesmo que tentasse fazê-lo talvez pudesse despertar no
outro uma vaga emoção de mágoa, nada comparada com a que senti, que se
dissiparia instantaneamente tal e qual como surgiu.
Sabes o que é morrer? Não morremos só quando o coração para
de bater, sabias! Já carregaste para a cama um medo esmagador de morrer mas
principalmente de viver, já? Alguma vez?!
E nesta impossibilidade da autoexpressão completa e plena, e
da necessidade de transmitirmos ao outro o que nos vai realmente na alma nutre
a perceção da individualidade. Eu e apenas eu, e mais ninguém sabe.
Todos se adaptam vivendo entre o mundo interior e exterior.
Despertados pelo egoísmo e mal do mundo apreendemos a esconder-nos, a
defendermos o conhecimento de nós próprios do outro. E pela força do que é
autêntico e verdadeiro, pensamos por nós, vivemos para nós, lutamos, no
compasso da vida à medida que esta se escreve sem esperar. Nos intervalos de
tempo coexistimos e partilhamos com o outro (amigos) o que é possível
partilhar, e em certo grau sentimo-nos compreendidos.
No entanto, por trás das grades da individualidade encaramos
serenos e tranquilos o outro, sabendo que um dia, a qualquer hora, poderemos
ter que cuspir corajosamente “não, eu não sou assim; eu não percebo porque é
que queres ir por aí, eu não vou por aí” em nome da grandeza emotiva de nós
próprios (orgulho) e da nossa verdade. Uns compreenderão, outros não, de
qualquer maneira, temo, acabaremos na separação.
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