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segunda-feira, 28 de março de 2016

Jantar: Primeiro Prato

Os outros nada! Os outros nada! Não dizem nada, não valem nada…Cada um de nós é um, e na ténue comunicação pela linguagem muito se perde e todo é interpretado pela individualidade consciente de cada um. Já vivi na profundidade do abismo mais fundo e mais escuro e no agora, tal como na altura, jamais poderei explicar alguém o que senti na tenebrosidade daquele momento, e jamais alguém poderá realmente entender. E mesmo que tentasse fazê-lo talvez pudesse despertar no outro uma vaga emoção de mágoa, nada comparada com a que senti, que se dissiparia instantaneamente tal e qual como surgiu.
Sabes o que é morrer? Não morremos só quando o coração para de bater, sabias! Já carregaste para a cama um medo esmagador de morrer mas principalmente de viver, já? Alguma vez?!   

E nesta impossibilidade da autoexpressão completa e plena, e da necessidade de transmitirmos ao outro o que nos vai realmente na alma nutre a perceção da individualidade. Eu e apenas eu, e mais ninguém sabe. 
Todos se adaptam vivendo entre o mundo interior e exterior. Despertados pelo egoísmo e mal do mundo apreendemos a esconder-nos, a defendermos o conhecimento de nós próprios do outro. E pela força do que é autêntico e verdadeiro, pensamos por nós, vivemos para nós, lutamos, no compasso da vida à medida que esta se escreve sem esperar. Nos intervalos de tempo coexistimos e partilhamos com o outro (amigos) o que é possível partilhar, e em certo grau sentimo-nos compreendidos.

No entanto, por trás das grades da individualidade encaramos serenos e tranquilos o outro, sabendo que um dia, a qualquer hora, poderemos ter que cuspir corajosamente “não, eu não sou assim; eu não percebo porque é que queres ir por aí, eu não vou por aí” em nome da grandeza emotiva de nós próprios (orgulho) e da nossa verdade. Uns compreenderão, outros não, de qualquer maneira, temo, acabaremos na separação.  

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