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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Homenagem a Virgílio Ferreira



Lembrando a pág.186.
         "Mas eis que há algum tempo, quando eu percorria a Baixa por uma tarde de sábado, vi no passeio fronteiro, avançando para mim, uma estranha e bela rapariga que nunca vira e que no entanto eu conhecia desde não sabia quando. Vestia de cinzento, direita e coleante com um fortíssimo desejo calmo. Uma quente humidade inchava devagar nas suas curvas solenes e uma branda avidez dilatava-se enormemente no seu maravilhoso olhar. A cada passo que dava estremecia nela a presença harmoniosa da sua plenitude; e de uma vez que sorriu para alguém, de olhos líquidos e transversais, suave aroma de perfeição e de dádiva desprendeu-se dela lentamente com duas mãos estendidas. Fiquei ali estarrecido com a súbita revelação de uma esperança que perdera. Porque eu conhecia aquela mulher revelada, mas donde? e desde quando?"
         Assim a tenho seguido vezes sem conto, receoso de lhe falar, quase receoso de a ver. É impossível que ela me tenha esperado como eu, porque sei bem que a amo desde sempre. Quantos destinos, nesta cidade grande, se cruzam desencontrados - quantos terão sido erradamente do seu!"

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