Recordem. Não vos deixeis consumir pelo vício das futilidades amargas e perpétuas e efémeras, e apenas recordem. Lembrem-se dos sorrisos e dos
olhares que trespassam a barreira de gelo em redor dos vossos corações. Quando se
sentirem impelidos e procurarem e encontrarem, aqueles objetos nostálgicos,
aquelas fotos que gravaram milenarmente momentos perfeitos por universos de razões.
Vão entender que a vida é um caminho. O romance perfeito, cheio de voltas e
reviravoltas.
E aqueles olhos de
paixão, que não caminha com o amor mas com a amizade, que ela fez da outra vez,
quando agitou o cabelo fino de ternura feminina? E as palavras que agora lhe
recordo, que deixei que se expandissem no silêncio da sala sisuda da residência,
e extravasassem de si mesmas, dilatando-se de sentido?
Em momentos pontuais,
como não poderia ficar mudo e intrigado? Com aquele fogo nos seus olhos, com
aquela força de vontade capaz de derrubar certezas de amargura e estremecer julgamentos de vidas de miséria. Compaixão? Vi-a
muitas vezes, mas só eu a vi. E agora que penso nisso, nasce em mim - por
consequência daquela empatia que tínhamos e temos! - um sorriso orgulhoso, mas
também de esperança em amizades sem prazo.
Para a Ana Ramos.
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