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domingo, 24 de março de 2013

Não é mais um texto



Recordem. Não vos deixeis consumir pelo vício das futilidades amargas e perpétuas e efémeras, e apenas recordem. Lembrem-se dos sorrisos e dos olhares que trespassam a barreira de gelo em redor dos vossos corações. Quando se sentirem impelidos e procurarem e encontrarem, aqueles objetos nostálgicos, aquelas fotos que gravaram milenarmente momentos perfeitos por universos de razões. Vão entender que a vida é um caminho. O romance perfeito, cheio de voltas e reviravoltas.
           
            E aqueles olhos de paixão, que não caminha com o amor mas com a amizade, que ela fez da outra vez, quando agitou o cabelo fino de ternura feminina? E as palavras que agora lhe recordo, que deixei que se expandissem no silêncio da sala sisuda da residência, e extravasassem de si mesmas, dilatando-se de sentido?
            Em momentos pontuais, como não poderia ficar mudo e intrigado? Com aquele fogo nos seus olhos, com aquela força de vontade capaz de derrubar certezas de amargura e estremecer  julgamentos de vidas de miséria. Compaixão? Vi-a muitas vezes, mas só eu a vi. E agora que penso nisso, nasce em mim - por consequência daquela empatia que tínhamos e temos! - um sorriso orgulhoso, mas também de esperança em amizades sem prazo.

Para a Ana Ramos.               

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