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terça-feira, 27 de novembro de 2012

26-11-2012

            -Como achas que vai ser a tua vida agora, João?
            -Vida? Que vida? Não sei, visto que eu agora não tenho vida. Como poderei prevenir o desenvolvimento de algo que não existe? Viver requer que exista propósito, razões para tal, têm que existir alegrias e tristezas. Eu não tenho nada disso. Eu já morri. Apenas existo fisicamente
            Toda a gente tem algo a perder, até tu João. Tu tens os teus amigos, tens a tua família, tens pessoas que te admiram, queres deitar todo isso fora?
            -Claro que toda a gente têm algo a perder. Mas não se preocupe, eu vou pesar todos os prós e contras.
Ela mirou-me, duma maneira não fria, mas analítica, distante. Mas não pode esconder um esgar efémero, que não se insira naquela postura premeditada.
            -Para além do mais não deixo de esconder que gostaria que essas pessoas se afastassem. Para o próprio bem delas. Já aconteceu algumas vezes certas coisas. O João que elas conheceram não tem nada a ver com o que sou agora. É provável que essas pessoas se venham a desiludir, ou que se venham a magoar. Eu sou um desequilibrado.
            -Tu já passastes por muita coisa também vais, com certeza, ultrapassar isto.
            -È? Sou assim tão forte? Então porque é que tenho a ideia de que sou um monte de merda? Que nada valho....
Estou cansado. Eu não quero nada. Eu não sou nada.
            ……………
-Esta deve ser a ultima vez que nos vemos. 
"Decerto que sentirei falta da sua aguçada capacidade de raciocionar."
-Adeus Doutora.

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