-Vida? Que
vida? Não sei, visto que eu agora não tenho vida. Como poderei prevenir o
desenvolvimento de algo que não existe? Viver requer que exista propósito,
razões para tal, têm que existir alegrias e tristezas. Eu não tenho nada disso.
Eu já morri. Apenas existo fisicamente
Toda a
gente tem algo a perder, até tu João. Tu tens os teus amigos, tens a tua família, tens pessoas que te
admiram, queres deitar todo isso fora?
-Claro que
toda a gente têm algo a perder. Mas não se preocupe, eu vou pesar todos os prós
e contras.
Ela mirou-me, duma maneira não fria, mas analítica,
distante. Mas não pode esconder um esgar efémero, que não se insira naquela
postura premeditada.
-Para além
do mais não deixo de esconder que gostaria que essas pessoas se afastassem.
Para o próprio bem delas. Já aconteceu algumas vezes certas coisas. O João que elas
conheceram não tem nada a ver com o que sou agora. É provável que
essas pessoas se venham a desiludir, ou que se venham a magoar. Eu sou um desequilibrado.
-Tu já
passastes por muita coisa também vais, com certeza, ultrapassar isto.
-È? Sou assim tão forte? Então
porque é que tenho a ideia de que sou um monte de merda? Que nada valho....
Estou cansado. Eu não quero nada.
Eu não sou nada.
……………
-Esta deve ser a ultima vez que
nos vemos.
"Decerto que sentirei falta da sua aguçada capacidade de raciocionar."
-Adeus Doutora.
Sem comentários:
Enviar um comentário